Saturday, February 26, 2005

carta(II)


…Gostava de te poder dizer que já não sinto nada e que o que se passou entre nós foi insignificante, mas não… Continuas a habitar os meus sonhos e, quando estou sozinha, ainda consigo sentir o cheiro do teu perfume, o teu corpo contra o meu e o deslizar da tua mão quente, enquanto olhas nos meus olhos e quebras o silêncio da noite com palavras que não vou esquecer…ainda sinto o calor dos teus lábios e o entrelaçar perfeito da tua mão na minha enquanto a noite era nossa.
Foi tão fugaz mas ao mesmo tempo tão intenso que ficará para sempre

Malmequer


Mal-me-quer…bem-me-quer…mal-me-quer…bem-me-quer…?...mal-me-quer…bem-me-quer… mal-me-quer…bem-me-quer… mal-me-quer…?...bem-me-quer… mal-me-quer…bem-me-quer…
…e o jogo continua a dar as mesmas voltas sem nunca chegar a nada concreto… sempre que as pétalas acabam em “bem-me-quer” vamos buscar outra flor para nos certificarmos da resposta, e se acaba em “mal-me-quer”, repetimos tudo com medo que a flor anterior esteja certa…

Sunday, February 20, 2005

Urgentemente

"É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas..."

Eugénio de Andrade

e a cada o gesto hipócrita do mundo aumenta a minha dor
apenas
bastava
amor

Saturday, February 19, 2005

Adeus




Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade


(nem sei como ainda não me tinha lembrado do meu poema favorito...)=)

Tuesday, February 15, 2005

Carta


Todos as noites, antes de adormecer, penso se vou sonhar contigo…mais uma vez…e todos os dias de manhã, quando saio de casa, tento sorrir na eventualidade de te encontrar no caminho…não sei…”não há passos divergentes para quem se quer encontrar”-ouvi um dia dizer. Será que ainda me queres encontrar?
Entro numa sala cheia de gente, mas é incrível como a sala continua a parecer vazia só porque lá não estás…
Olho para o meu reflexo no espelho e penso se fui eu que mudei, se foste tu que mudaste ou se foi o tempo a mudar…não sei…só sei que as palavras soltas no tempo em que sonhávamos juntos não voltaram mais…e o silêncio muitas vezes dói mais do que as palavras…
E sonho mais uma vez…
Acordo e não estás lá…
O passado…esse, ninguém nos pode tirar…e sendo assim, recordo-te sempre com uma lágrima e com um sorriso também…porque um dia fizeste parte de mim…

“Valeu a pena voar”

(o texto já é conhecido de muita gente mas como não tenho escrito nada ultimamente...)

Monday, February 14, 2005

Novo!!

E este é o meu novo espacinho =)
Espero que gostem =P*